T. O. P. E. – Teatro Organizado Pelos Estudantes.

No ano de 2007 escrevi aqui um post sobre este tema, para recordar o Teatro Organizado Pelos Estudantes, isto na final da década de 50, década de 60, do seculo passado. Podem ver esse post AQUI.
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Para relembrar e recordar este tema, deixo aqui uns excertos do Livro “Ferro, retratos de vida”. E mais algumas fotos. E é o “acordar” deste Blogue “Ferro Vila”.
Como se pode ler escrito por Zeca Elias no Jornal “O Zêzere”, em Março de 1995, depois transcrito para o Livro “Ferro, Retratos de Vida”, no Ferro, Aldeia do interior, os habitantes consideravam-se isolados. Isto no final da década de 50 e década de 60.
Como se lê nessa publicação, o convívio com os amigos, depois da missa, era a falar dos trabalhos agrícolas, jogando á “sueca”, ao “rolho” ou á “cavaca”. Assim, nessa altura, um grupo de estudantes começaram a mexer com a passividade da Aldeia e apareceu então a T. O. P. E., que para Zeca Elias “foi um marco importante no desabrochar da actividade cultural do Ferro”.
Como diz Zeca Elias, “porem, acabados os cursos, alguns desses estudantes fixaram residência noutras paragens e a TOPE morreu pela primeira vez. Contundo, deixou sementes, que germinaram anos mais tarde, pelo impulso de outra geração de estudantes. Nesta nova vaga, alteramos a estrutura da TOPE.”
Como se pode ler no livro “Ferro, Retratos de Vidas”, de João Xavier e Zeca Elias, foi no quintal da Dn. Laura, que é onde hoje se encontra o Lar do Sagrado Coração de Maria do Ferro, que efetuaram o primeiro espetáculo. A seguir passaram para o salão da Casa do povo do Ferro. “E, a bom ritmo, muitos espectáculos realizamos. Muitos ensaios, muitas colaborações, enfim, muito trabalho”.
Para concluir esta recordação da TOPE, deixo aqui um poema de João Xavier, apresentado num “sarau” da TOPE a 22 de Agosto de 1971. Transcrito do livro “Ferro, retratos de vidas”.
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“O pensamento há muito que partiu,
no crer de uma vitória, num fogo dum anseio.
Só depois do pensamento, o corpo irá também.
Não basta o pensamento a delirar
e a alma a consumir-se num desejo
na idealização dum sonho todo meu.
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A estrada á minha frente é longa de seguir, mas vou, a vida me chama!
Não desprezo a vida que me sai dum sorrir.
Não quero olhar para o chão,
elevarei o meu olhar ao céu; ao sol e não á escuridão.
Depois, a alma á caminhada, serei eu próprio quem há-de abrir a estrada, que vai unir os homens.
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Sem força, sem combate ou sem presença,
o sonho ficará para sempre sonho, a esperança será lenda que morreu.
Eu não quero assim: - Vencerei!
Chegar ao fim da pista, não parar, rumar ao infinito.
Hei-de vitoriar essa conquista, construir o sonho que sonhei.
Um esforço mais: - Vencer!
Vencer… palavra que só terá algum sentido
quando subindo ao claro pedestal dos vencedores
não sinta a meus pés o mundo na oferta do triunfo,
mas a satisfação de ter cumprido, de ter corporizado meu ideal,
de ter estado inteiro ao seu serviço.
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Eu vou correr assim, é essa a minha luta;
já sinto o longe perto, ganharei de certo, concretizarei meu sonho.
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Olho o caminho… não é muito direito, mas o fim lá está.
Levanto os olhos, dilato o peito… e vou, vou já, não espero o amanhã.
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Procuro ver a realidade, fazer paz e ressurgir.
Grito em alta voz á mocidade: - Tenho desejo de construir!
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Que o campo, o sol, a luz, o vento, a tempestade, a tristeza e a alegria
sejam meus companheiros dia e dia,
ser deles é ter razão de ser, é procurar!
E passeando, correndo, chorando, cantando e rindo,
Descendo, saltitando, subindo e voando pelos turbilhões que me consomem,
A força, a luta e aquele desejo de vencer,
Hão-de fazer de mim um HOMEM!”
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João José Esteves Xavier
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