Exposição de memorias do Ferro, traços históricos e etnográficos.
Decorreu no passado mês de Julho, de 20 a 27, uma exposição no salão da Casa do Povo do Ferro.
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A exposição contou com vários objetos e artefactos, antigos, maioritariamente do seculo passado, com ligações á nossa Terra, mostrando um pouco da historia e curiosidades da Vila do Ferro.
A exposição mostrou também muita informação escrita, acerca da historia e de eventos, todos relacionados com o Ferro, com a nossa Terra. Desde a Carta de Aforamento, traduzida, até ás datas mais importantes, ás pessoas que contribuíram para causas, obras e evolução, de uma Aldeia que chegou a Vila.
Segundo os responsáveis e promotores desta exposição, conjunto de ferrenses sócios da Associação Memória e Futuro do Ferro, a exposição; “tem vários objetivos de natureza cultural, nomeadamente contribuir para preservar, estudar e divulgar a memória histórica da sua terra, habitada, pelo menos, desde os Lusitanos, conforme atestam algumas inscrições epigráficas.”
A exposição teve como colaboração importante a Dra. Elisa Pinheiro, investigadora do HTC (História, Territórios e Comunidades) e diretora do Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior. É tambem autora de numerosas publicações científicas nos domínios da Arqueologia/Património Industrial e Património Agro-pastoril, Museologia e História da Indústria, tendo proferido sobre estas temáticas muitas conferências e comunicações.
Uma exposição de memorias do Ferro, traços históricos e etnográficos, teve como responsáveis, na recolha de informação e objetos, a Dn. Maria Barbara Marrocano e o Doutor Jorge Bruxo. Teve também como colaboração, Conceição Madeira e filhas, Rosa Forte, Teresinha Robalo, Rosa Chendo e outros amigos e amigas como a Gorete Domingos.
Foi uma exposição que é importante para relembrar vários aspetos, quotidianos, datas importantes, historia, objetos, da nossa Terra e não só. É bom que existam estes eventos, também para mostrar ás gerações de hoje e futuras, como era antigamente o nosso passado.
Segundo os promotores, esta exposição, este trabalho de recolha de objetos e informação, da nossa Terra, ainda está a decorrer. É um trabalho que ainda não está terminado. E é muito bom que existam estas pessoas, que fazem para que se mostre a historia da Vila do Ferro e mais importante, para que nunca se perca de onde “viemos”, o que foram os nossos antepassados.
Parabéns a quem teve esta iniciativa e a todos que ajudaram e colaboraram.
A seguir, um pouco do que foi a exposição. Lamento a qualidade de algumas fotos, é um trabalho de amador, mas fica minimamente como foi a exposição.
Primeiro, fotos de alguma informação escrita. Informação com datas, pessoas e eventos.
Carta de Aforamento da Herdade do Ferro.
(cliquem nas fotos para melhor visualização)
A exposição mostrava também o Hino do Ferro, escrito pelo Padre Manuel Francisco Domingos, que esteve na nossa Paroquia de 1967 a 2018:
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"Refrão
Desde a Póvoa à Raposa
E do Freixo aos Alvarcões
Esta terra é bem nossa
Mas são dela os corações
I
Lindo Ferro, Lindo Ferro, gente boa
Toda a gente no terreiro
Cá vai o povo do Ferro
Desde o Cilindro ao Outeiro (...)
II
Povo bom trabalhador
De foice, enxada e arado
Nasce e morre em seu louvor
Povo bem abençoado
III
Nossa gente se conhece
Desde a lide ao cansaço
Com o Ferro se parece
Forte e rijo como o aço.
(...)
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Da informação escrita, a exposição mostrava muito mais, deixo aqui uma que realço;
“1914 - O Ferro tinha então 2017 habitantes e 501 fogos. Era pároco encomendado o Padre Filipe de Figueiredo Espinho. O encarregado da Caixa Postal era João d’ Almeida Fernandes, que também desempenhava o cargo de ajudante do oficial do Registo Civil da Covilhã, Dr. Cláudio Olímpio Dias Antunes. Era então Regedor do Ferro Francisco Tavares Mascarenhas. Eram guardas campestres Joaquim Amaro, Lourenço Batista, José Esteves da Torre Junior, Manuel Braz e José Aurélio. Desempenhavam o cargo de professores, António João Gonçalves, na escola masculina e D. Maria Virgínia Mendes de Abreu, na escola feminina. Integravam a Junta de Paróquia António João Gonçalves, Germano Brojo, João Gonçalves Maricoto, Joaquim Antunes Dias da Silva e José Maria Teles.
- Desconhecendo-se o período em que exerceram funções, destacam-se como das mais antigas, de acordo com a lembrança do povo, as seguintes: Senhora D. Irene, natural de Mal-Partida (Almeida); Senhora D. Natividade, de Pinhel; Senhora D. Maria José Forte, do Ferro; Senhora D. Maria da Ascensão Carvalho Rodrigues, da Boidobra; Senhora D. Fernanda Mouro, do Sarzedo.”
A seguir, datas, pessoas e alguma historia do Ferro.
Nas seguintes fotos, alguma louça, vestuário e objetos que existiam na altura.
Nas próximas fotos, fotografias que a exposição mostrava.
Equipa de Futebol da década de 50. Com Dr. Duarte Simões, Zeca Fazenda, Prof. Luis Sousa, Joaquim Samarra, João Fortuna, Pe. José Batista, Dr. Fernão Simões, Luís Albino, José Matos Dias, entre outros.
Rancho Folclórico organizado entre a década de 40 a 50 do seculo passado. Organização da Junta de Freguesia do Ferro, para a inauguração e festas da eletricidade, água, telefone e mercado. Os dinamizadores foram; Luís Esteves de Sousa, Duarte Cordeiro Simões, Susete Esteves de Matos (modista). José Domas, de Caria, como ensaiador. Grupo de Caria, como músicos. O local de ensaio era no alpendre da Escola dos Rapazes. Clicar na foto para ver todos os nomes dos presentes.
Mordomas da Festa do Coração de Maria, década de 40 e 50.
Mais fotos.
A exposição tinha também vários livros antigos, de todos os anos escolares da altura. E Livros de autores da nossa Terra, como Maria Rodrigues, alem de estarem também expostos exemplares do Jornal “O Zêzere”. Sim, a Vila do Ferro já teve um Jornal, com tiragem mensal.
A exposição mostrava também alguns objetos, de algumas profissões de antigamente.
Na informação da exposição, estava também as profissões que existam na altura na nossa Terra. Eis algumas;
Tamanqueiros; Manuel Alípio, João Madeira, João de Deus;
Costureiras; várias, como Zézinha Pinto; Zézinha Bem-Hajas
Tecedeiras (de linho e lã); várias, como Maria Joaquina e outras.
Vendedores e "vendedeiras", nos mercados e praças da região. O transporte da mercadoria, na maior parte das vezes, era feito no alforge, colocado em Burros, Mulas, Éguas e Cavalos.
Nas seguintes fotos; Dobadeira de linho e lã (quadrada) com um pano de linho em cima. Dobadeira de linho, com pedal e roda (triangular) e faz de suporte a duas rocas. Por baixo há um rolo de fio de linho pronto a ir para o tear.
Mais fotos da exposição. Cantareira com louça de esmalte, Cama de Bancos, Mesa de Altar e um enxoval.
Cama de Bancos. Como era; “colchão de palha de centeio, colocado em cima de dois bancos, toscos, de madeira, a tapar as pernas ou os pés colocavam um folho, em toda a volta, a chamada entre cama, era baixinha e pequena colocada num cantinho que mal dava para entrar. No caso da que estava na exposição, o colchão é maior, de folhelho e colocado em cima de cavaletes, mais altos que o normal, com uma tira de linho simples a tapar a madeira. Já o lençol era verdadeiro, de linho, lindo e novo já passou por três gerações e tem seguramente cem anos . Faltou a colcha verdadeira feita de bocadinhos de restos velhos de roupa usada. substituiu uma manta de ourelos. Ao fundo havia algumas colchas de seda muito antigas.”
Para terminar, mostro artefactos, que também estavam expostos, realizados pelo artesão da Vila do Ferro, Jorge Matos.
A seguir, um vídeo do Fotografo da nossa Terra, Fernando Fortuna. Vídeo do dia da abertura da exposição, com uma pequena palestra de alguns intervenientes.
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Esta exposição, que mais uma vez realço, contou com muita informação escrita, importante, de vários eventos, com datas e pessoas assinaladas. Não vou aqui colocar tudo, só coloquei o que achei interessante e também com reserva aos direitos dos autores, que tiveram todo um trabalho de pesquisa e divulgação de toda a informação.
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Esta informação escrita merece estar num livro, com fotografias da exposição e não só. Era um livro que eu compraria com toda a certeza. Desejo que quando o trabalho estiver terminado, seja publicado mais um livro acerca da nossa Terra.
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Que tornem a realizar eventos deste género e que mais pessoas adiram, pelo menos a visitar, visto que esta exposição não foi muita visitada pela população da nossa Terra, pelo menos.
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Agradeço á dn. Maria Barbara Marrocano pela ajuda na realização deste post. Muito obrigado.
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