Santos Populares – Baile de São João.

Realizou-se ontem, dia 23 de Junho, o já tradicional Baile de São João, pão, sardinha, vinho para o jantar. O Pessoal chamado João junta-se todo, comendo sardinha assada com pão, bebendo o vinho, tudo na maior confraternização.
Depois de Jantar, foi-se então até ao Baile, abrilhantado pelo Jovem Organista dos Enxames, Gonçalo Santos, onde quem o sabe fazer pode dar o seu pezinho de dança. Enquanto isso, os jovens da nossa Terra já andavam em busca dos vasos, tradição nesta Noite, isto é, percorrem-se as Ruas da Vila para “roubar” os vasos, e assim colocá-los nas fontes, e locais centrais da nossa Terra.
Já mais à noite, por volta da meia-noite e tal, acendeu-se a fogueira, que contendo algumas bombas, e tendo um mastro forrado de rosmaninhos, dá um certo espectáculo. Tradição completa, é depois o saltar da fogueira, feita por rosmaninhos.

Mas a tradição já não é o que era, já ninguém quer saltar a fogueira, o cheiro a sardinha assada já não é tão intenso aì pelas Ruas, o “roubar” dos Vasos até já mete GNR, já nada é como antigamente…



Pois, há pessoas que não ligam nenhuma à tradição, e este Ano no Baile de São João, até a GNR foi chamada, devido a terem sido “roubados” vasos a uma Pessoa, que não conhece a palavra Tradição, nem muito menos o que se passa na nossa Vila na noite de São João. Assim, claro que a GNR se deslocou ao local, lamentável foi o levar da situação demasiado a serio. É uma tradição, nada de mais, é simplesmente o que acontece na Noite de São João, na nossa Terra, e em outras mais, são apenas Jovens e Crianças, não são ladrões… é lamentável.

E foi isto o Baile de São João deste Ano de 2009… que para o Ano haja mais, e que a tradição nunca morra.

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No meu tempo, e noutros mais antigos ainda, a tradição ainda era o que era.
No baile, era sempre muita gente a dançar, como se quanto maior o espaço fosse, mais enchia, sempre com a maior parte da população da nossa Terra. A garotada, fazendo o aquecimento para os vasos, brincava à apanhada, no meio do baile, de vez em quando, lá tinham que levar de um ou dois: “sai daqui pahh… não andes aqui a correr no meio”.
O “roubar” dos vasos, era feito como se de um ritual se tratasse, organizavam-se grupos: “vocês ides para as Ruas da Igreja, Soutos, e Cancela, nós vamos para as Quintãs, vocês para a Estrada Principal, vocês para a Rua Direita, e vocês para os Bairros”, e era assim que acontecia. Depois, os vasos eram deixados nas Fontes, alguns eram levados para a fonte do Largo do Cilindro: “ohh Bruno, vai lá meter este mesmo ao cimo, mas cuidado, não caias na água”, e por vezes, assim acontecia. :) De manha, era ver as fontes todas enfeitadas com os vasos, e assim ficava o dia 24, Dia de São João. No fim do dia, cada pessoa percorria as fontes à procura dos seus vasos, normalmente nunca iam para muito longe, só se fossem para o Cilindro: “ohhhh Manel, há lá algum vaso verde em baixo no cilindro? É que eu não encontro o meu”. :)
Depois da ida aos vasos, era o saltar da Fogueira, que era feito por muita gente, não meia dúzia como este Ano. Eram pestanas queimadas, pontas dos cabelos, braços e pernas quase depilados. De vez em quando havia um acidente, falava-se: “só saltamos a descer, a subir não”, mas o que era certo, é que um ou dois não ouviam isso, e então, lá se viam dois a baterem testa com testa… nada de grave. :)

>danitri<

A tradição já nao é o que era.... mudanças.

Comentários

Ana Tiago disse…
Roubar vasos já não é o que era...
Agora até ja chamam a policia...

Se tem algum jeito numa tradição anual chamar a policia... Não andavamos a fazer nada de mal...
Mas enfim... MENTALIDADES..

Se todas as pessoas chamassem a policia por lhes roubarem os vasos, entao o pessoal do meu grupo tambem tinha de a chamar. Pois ao tentarmos roubar uns vasos, o dono disse-nos que nos dava uma chumbada. Foi só mesmo para assustar, é claro.
E nós nao levamos a mal. Mas fugimos na hora. :)

Quem chamou a policia ve-se mesmo que nunca roubou vasos. Pois só aquela coisa de estarmos calados enquanto alguem entra no quintal e vem o dono a janela aos berros e nos fugimos a correr para nao nos conhecerem é uma adrenalina altamente.
Só quem o faz é que sabe.

Bjx :)
Dotejo disse…
O roubo, sendo um crime, é punível por Lei.
Nunca roubei um vaso!
Pessoalmente, não conheço o Danitri, não conheço a Ana Tiago. Sei que não é verdade o que eles dizem. Eles nunca roubaram um vaso.
Nunca assisti ao roubo de vasos...

A tradição é dinâmica, evolui. Com o tempo, vai-se alterando. Ainda bem que assim é. A tradição nunca será o que já foi.
Roubar é uma tradição que sempre existiu em tempos de História e, atrevo-me a dizer, é uma excepção à mudança.

O que será roubar?!...

Vem-me à memória a quadra do Aleixo, aquele a quem chamavam de analfabeto e que esteve emigrado em França:
«Sei que pareço um ladrão.../mas há muitos que eu conheço/que, sem parecer o que são,/
são aquilo que eu pareço.».

O que será roubar?!...

Será tomar como seu o que pertence a outrem?
Aqui não vou discutir a Lei feita pelos homens, não vou ocupar-me em demasia com definições. Simplesmente, digo que houve e há ladrões, sejam pessoas ou instituições e nestas incluo Os Estados de Nações. Simplesmente digo que houve e há ladrões que roubam a ladrões e a não ladrões.

Em tempos de São João,
Eu, o Danitri, a Ana Tiago e todos os outros, seguindo a tradição, deslocámos vasos de um local para outro.

Mas a tradição já não é o que era...

Hoje, os vasos já não são escondidos para não serem mudados para as fontes ou outros locais – Alguns ficam de atalaia de espingarda na mão!

Hoje, alguns donos já não andam de local em local descobrindo os seus vasos – Mandam a GNR à sua procura!

A tradição já não é o que era. Para bem de todos, evoluiu!
Antigamente, eram só rapazes a trocar o local de vasos, Felizmente, as raparigas já sentem a adrenalina dessa bela tradição.

A tradição já não é o que era. Para bem de todos, evoluiu!
Antigamente, eram só os donos à procura dos vasos. Felizmente, a GNR já se iniciou nesta dança.

Senhores proprietários dos vasos, lanço-vos um alerta para facilitar a descoberta de cada um dos vossos vasos: No futuro, guardem um pouco da terra e da flor de cada vaso.
A amostra pode ser muito útil para o cão polícia farejar a deslocação do vaso
Com o evoluir da tradição, é natural que os cães passem a acompanhar a GNR nessa actividade cívica. A missão será rápida e a GNR poderá prestar atenção a problemas bem mais importantes para a comunidade.
antianónimo disse…
Ora viva Sr Dotejo:
Bem aparecido seja.
Bem Vindo, ou Benvindo, não vamos alargar novamente a discussão.
Essa de chamara a GNR por causa de uns vasos, não lembra nem ao diabo.
Só mesmo na nossa terra.
Danitri, um pequeno reparo:
Já passou a festa sos zés, dos Tós e nem uma palavrita sobre o assunto.
Vêm agora os joões e aí está um post sobre isso. Ficava-te bem tambem uma pequena refrência a esses convivios, mas tu lá saberas o porque de não o fazeres, afinal nem sequer és obrigado a tal, não é?
Quanto às tradiçõe sno Ferro, está tudo esclarecido: Já não há mesmo NADA!
Verdade, Ana, se todos a quem roubassem um vaso chamasem a autoridade, seria bonito!
Neste caso (dos vasos) não considero um roubo, só o manter de uma tradição e mais nada!
Sendo assim, os tribunais estariam (quando hava a tradição) cheios de julgamentos.
Seria interessante uma audiência destas:
O Juíz:
Sr arguido, conte lá o que se passou?
O arguido:
Ó sr Dr Juiz roubei ali um vasito (daqueles pequenitos) e levei-o no bolso do casaco da Cancela pro cilindro...
Decisão do Juíz:
Dois anos pro calhabouço!
E então sr dotejo, estão faltando comentários seus - que muito considero - no asunto da estrada municipal..
Quando puder (e quiser) comente este assunto
Ana Tiago disse…
O meu pai contava-me que antigamente "roubavam" umas carroças para transportarem os vasos mais facilmente e em maior quantidade, e no final da noite voltavam a po-las no lugar.

E não havia quem chamasse a policia.

A tradição ja não é o que era.

Bjx :)

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