Vindimas

“Predomina no Ferro, principalmente nas encostas, o cultivo da vinha, que aqui encontra terrenos em óptimas condições para a sua exploração.
Devido à presente falta de braços, esta cultura tornou-se mais difícil, tendo ainda em conta a série de trabalhos que, constantemente, são requeridos pelas videiras: escavaca, poda, estrumação e adubação, cava, esborralha, caldas variadas contra o míldio, oídio, etc., estalica e finalmente a vindima, o trabalho agrícola mais agradável e que toda a gente gosta de executar.
É muito frequente verem-se, nas vindimas, pessoas que não fazem outros trabalhos no campo; porém, este, por ser leve e com ausência de temperaturas extremas, tem sempre muita aceitação até porque como, à vontade, dos frutos mais gostosos que vão encontrando.”

In: “Ferro, Cova da Beira”

Vindimas. O que são as Vindimas?
As Vindimas são a apanha das uvas para se transformarem em vinho, com várias etapas:
Primeira etapa é na vinha, onde as famílias se reúnem para se ajudarem uns aos outros, colhem-se as uvas, cantando, sempre com boa disposição. Depois, levam-se as uvas para a adega, caseira, normalmente fica na loja, por baixo da casa. Aí, despejam-se as uvas para o pio, ou dorna, onde são esmagadas, antigamente com a força do homem, dentro do pio, com as pernas, esmagavam-se as uvas. Hoje, é através de máquinas, esmagadeira (não sei se é assim que se chama) que consistia de um engenho, com um funil em madeira, e no fundo, dois cilindros com umas saliências, onde as uvas ao passarem, se esmagavam, devido aos cilindros estarem pertos uns dos outros. Para movimentar os cilindros, era através de uma manivela na parte exterior.
Depois de esmagadas as uvas, o trabalho esta completo, nesta etapa. Antes da Etapa seguinte, com o vinho a ferver, tem que se ir mexendo, de vez em quando.
Na noite da vindima, com o ainda não vinho, simplesmente sumo de uva, costuma-se fazer a jeropiga, com duas ou três partes do sumo de uva, e uma de aguardente.
Chegando a altura certa, normalmente oito dias, o vinho é vazado do pio, para uma pia, local rente ao pio, debaixo da torneira de onde sai o vinho, depois nessa pia, o vinho apanhava-se com um recipiente, para um cântaro, aí enchia-se os pipos, ou pipas, onde permanece em fermentação lenta até, normalmente, S. Martinho, depois só ai, é que o pipo é fechado, é quando deixa de ferver. Por vezes, teria que se deitar água, ou açúcar, amarelo, para que o vinho tivesse as propriedades que cada um queria.
Pronto a ser provado e bebido, o vinho, nesta região, não pode faltar nas refeições, nas festas, nas reuniões de amigos, na confirmação dos contratos, no trabalho do campo e quando algum homem bate à porta.
Depois de se tirar o vinho do pio, ficam as balsas, ou bagaço, que conrresponde às as uvas já esmagadas, sem sumo algum. Pega-se nesse bagaço, e deposita-se num alambique, aí, através de destilação lenta, faz-se a aguardente.

Nas vindimas, são cantadas algumas canções, deixo aqui duas quadras:

“Fui um ano à vindima,
Pagaram-me a trinta réis;
Dei um vintém ao barqueiro,
Fui p´ra casa com dez réis.

Dei um vintém ao barqueiro,
Fui p'ra casa com dez réis.
Pela folha da vindima,
pagaram-me a trinta réis.”


E é isto que geralmente são as vindimas. È uma altura cheia de boa disposição, onde chamado nectar dos Deuses, é concebido.

Outro ponto das vindimas, é aquelas vindimas, que são feitas para a Adega Cooperativa. Essas, cada vez mais desnecessárias, primeiro porque a Adega da Covilhã não paga, pelo que se houve dizer, já há uns 3 ou 4 Anos, e depois, parece que também não paga assim tão bem. O Quilo das Uvas, que não compensa o trabalho, o pagamento ao dia, o gasóleo, etc...
Este assunto já foi debatido muitas e muitas vezes, não sei qual a real situação deste Ano corrente, mas fica aqui este Post para se comentar, debater esse assunto.

Aqui, também podem colocar histórias das vindimas, do antigamente, que, melhor que eu, alguns Bloggers, podem contar.

Comentários

As publicações mais vistas

Homenagem ao grande Bruno que partiu…

Cogumelos (ou tortulhos, como em algumas zonas lhe chamam).

A Gastronomia na Vila do Ferro